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Trump lançará reality show para imigrantes competirem por cidadania americana

Atualizado: há 20 horas




Cenário de reality show com imigrantes competindo por cidadania americana, bandeiras dos EUA ao fundo e jurados observando(Criado por IA)
Cenário de reality show com imigrantes competindo por cidadania americana, bandeiras dos EUA ao fundo e jurados observando(Criado por IA)

A espetacularização da dignidade humana nos EUA


Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos em 2025, Donald J. Trump vem promovendo uma série de ações controversas em sua política migratória. A mais recente – e alarmante – é a criação de um reality show oficial do governo federal, onde imigrantes competem por cidadania americana em desafios ao vivo, como se o direito à nacionalidade fosse um prêmio de entretenimento.


O programa, intitulado “The Great American Test”, será transmitido semanalmente por uma rede de televisão nacional, com aval do Departamento de Segurança Interna (DHS), e trará participantes de diferentes origens étnicas enfrentando provas de resistência física, conhecimentos sobre história dos EUA e testes morais. O vencedor: a tão desejada cidadania americana.


A violação da dignidade humana como espetáculo


É impossível ignorar o impacto ético e constitucional de uma proposta como essa. A dignidade da pessoa humana, um princípio estruturante da Constituição americana, garantido pela 14ª Emenda, é diretamente ofendido ao transformar o processo de naturalização em um jogo televisivo.


O ato de premiar a cidadania – que deveria ser o resultado de um processo jurídico legítimo – com base em desempenho físico ou intelectual diante de câmeras, transforma seres humanos em personagens de uma competição, negando-lhes o status de sujeitos de direito.


Segundo a professora Martha C. Nussbaum, especialista em filosofia política, "quando direitos fundamentais são mediados por entretenimento, criamos uma cultura de exclusão que desumaniza os mais vulneráveis" (NUSSBAUM, 2011).


Liberdades constitucionais em xeque


Além da dignidade, o programa coloca em risco outras garantias constitucionais, como o igual tratamento perante a lei (Equal Protection Clause) e o direito ao devido processo legal (Due Process Clause).


Especialistas em direito constitucional já levantaram questionamentos formais contra o show, como o professor Laurence Tribe, da Harvard Law School, que afirmou em entrevista ao Washington Post:

“Estamos diante de uma grotesca distorção do que a Constituição representa. A cidadania não pode ser um jogo de azar mediado por likes ou audiência.”

Cenário dramático de um reality show onde imigrantes competem em desafios para conquistar a cidadania dos Estados Unidos. O palco é grande, com luzes de estúdio intensas e uma bancada de jurados vestidos com ternos.(Criado por IA)
Cenário dramático de um reality show onde imigrantes competem em desafios para conquistar a cidadania dos Estados Unidos. O palco é grande, com luzes de estúdio intensas e uma bancada de jurados vestidos com ternos.(Criado por IA)

A legalização do absurdo


A ideia partiu do produtor Rob Worsoff, criador de reality shows como Survivor Extreme e Border Games, e teve a adesão imediata do núcleo de mídia da Casa Branca. Segundo comunicado oficial, o projeto visa “celebrar o esforço dos imigrantes e aproximar o público do processo de naturalização”.


Mas, na prática, reforça estereótipos, humilha migrantes e cria um circo político midiático, servindo aos interesses populistas de Trump, que segue explorando a narrativa do “inimigo estrangeiro” como combustível de sua gestão.


Entretenimento ou política de exclusão?


O conceito de cidadania por mérito já é por si só discutível. Quando esse mérito se baseia em espetáculos públicos, ele aprofunda desigualdades e reforça a ideia de que apenas os “melhores” merecem direitos.


Além disso, ao submeter imigrantes a situações humilhantes sob pretexto de “teste de valor”, o programa desumaniza e fere tratados internacionais dos quais os EUA são signatários, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que em seu Artigo 15 afirma:

“Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. Ninguém será arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudá-la.”

Um chamado à resistência civil


Organizações como a ACLU (American Civil Liberties Union) e o Southern Poverty Law Center já preparam ações judiciais e campanhas de boicote ao programa, alertando para o precedente que isso abre para a violação em massa de direitos civis.


A campanha #CitizenshipIsARight nas redes sociais pede que o público denuncie o programa junto à FCC (Federal Communications Commission), argumentando que o formato não só banaliza o sofrimento humano, como pode encorajar novas formas de discriminação institucionalizada.


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Conclusão: O futuro da cidadania está em jogo


Se aceitarmos que o direito à cidadania pode ser entregue por um programa de televisão, qual será o próximo passo? Testes públicos para manter o green card? Votações populares para deportações? A proposta do governo Trump escancara um projeto de exclusão travestido de inovação midiática, que precisa ser denunciado com força.


A cidadania não é uma recompensa. É um direito humano básico que deve ser respeitado, protegido e garantido.


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Referências:

  • NUSSBAUM, Martha C. Creating Capabilities: The Human Development Approach. Harvard University Press, 2011.

  • TRIBE, Laurence H. American Constitutional Law. 3. ed. New York: Foundation Press, 2000.

  • UNIVERSAL DECLARATION OF HUMAN RIGHTS. United Nations, 1948.

  • UNITED STATES. Constitution of the United States of America. 14th Amendment.

  • ACLU. “The Problem With Trump’s ‘Immigration Show’”. Disponível em: https://www.aclu.orgA espetacularização da dignidade humana nos EUADesde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos em 2025, Donald J. Trump

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Lucelena de Freitas
há 2 dias
5 üzerinden 5 yıldız

Mais uma vez Trump espetaculariza e busca ridicularizar os imigrantes.

Muito bem exposta a situação degradante proposta por um governo que se recusa a admitir a sua dependência de outros povos.

Beğen
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