O Impacto das Medidas Anti-Imigração no Turismo dos EUA: Uma Rota em Mudança
- Antonio Carlos Faustino
- 19 de abr.
- 3 min de leitura

Nos últimos anos, os Estados Unidos têm adotado políticas migratórias cada vez mais restritivas. Sob o pretexto de proteger as fronteiras e garantir a segurança nacional, essas medidas também têm repercutido fortemente em setores que, à primeira vista, parecem distantes da imigração — como o turismo. Este artigo busca analisar o impacto das políticas anti-imigração na indústria do turismo dos EUA, destacando a mudança no comportamento de turistas estrangeiros, a reação de mercados concorrentes e os desafios para a imagem internacional do país.
O Turismo e a Imagem Nacional
O turismo internacional não depende apenas de infraestrutura, atrações ou preços competitivos — ele está profundamente vinculado à percepção que o mundo tem de um país. Quando medidas como o aumento da burocracia para obtenção de vistos, interrogatórios mais rigorosos nos aeroportos, ou até declarações polêmicas de autoridades ganham os noticiários, o impacto é direto na intenção de viagem de milhares de pessoas.
Segundo a Associação de Viagens dos EUA (U.S. Travel Association), entre 2017 e 2023, os Estados Unidos deixaram de receber aproximadamente 15 milhões de turistas internacionais em comparação ao crescimento médio global. Muitos analistas associam essa queda a políticas e discursos hostis a estrangeiros, especialmente vindos de países da América Latina, Oriente Médio e África.
Medidas Anti-Imigração em Perspectiva
Desde a adoção da política “America First”, os EUA reforçaram restrições na entrada de estrangeiros. Algumas dessas ações incluem:
Aumento das taxas de visto e maior complexidade no processo consular;
Proibição temporária de entrada para cidadãos de determinados países;
Fortalecimento do ICE (Immigration and Customs Enforcement);
Ampliação da vigilância em fronteiras, especialmente no sul do país.
Essas medidas, ainda que voltadas à imigração, afetam negativamente turistas, intercambistas, estudantes e viajantes a negócios.
Queda no Interesse por Destinos Americanos
Relatórios da Organização Mundial do Turismo (OMT) e dados de plataformas como Kayak e Booking mostram queda nas buscas por destinos americanos, enquanto outros países têm se beneficiado do “desvio de rota”:
Destinos Alternativos em Alta:
Canadá: Visto como mais acolhedor, registra aumento no turismo latino e asiático.
México e Caribe: Com cultura vibrante e menos exigências de entrada.
Europa Ocidental: Especialmente Espanha, Portugal e França.
América do Sul: Argentina, Brasil e Colômbia têm investido em pacotes acessíveis.
Além disso, eventos como a COP, conferências de tecnologia e grandes feiras comerciais internacionais passaram a escolher outras sedes devido à dificuldade de entrada nos EUA para seus participantes.
Impactos Econômicos Diretos
O turismo é responsável por cerca de 7,7 milhões de empregos diretos nos EUA, segundo o Departamento de Comércio. O impacto das políticas anti-imigração reflete-se em:
Queda na ocupação hoteleira em cidades como Nova York e Los Angeles;
Redução na frequência de voos internacionais;
Menor consumo em restaurantes, lojas e pontos turísticos;
Desaceleração de investimentos no setor de turismo receptivo.
Além disso, estados como Califórnia, Flórida e Nevada, fortemente dependentes do turismo, pressionam o governo federal por mais equilíbrio entre segurança e hospitalidade.
Resposta do Setor Privado e de Governos Locais
Em resposta à queda de visitantes, diversas empresas e governos locais têm lançado campanhas para reforçar que os EUA continuam sendo um destino aberto e diversificado.
Exemplos:
“Everyone is Welcome”, campanha em Nova York com foco em latinos e asiáticos;
Investimentos em atendimento multilíngue nos aeroportos de Miami, Houston e Chicago;
Parcerias com agências internacionais para facilitar o intercâmbio estudantil e profissional.
Repercussões Culturais e Diplomáticas
A hospitalidade é um dos pilares da diplomacia pública. Um país que restringe a entrada de turistas e estudantes compromete sua influência cultural. O soft power americano, historicamente construído com base no cinema, universidades, música e marcas globais, é afetado quando a experiência de “visitar a América” se torna uma jornada hostil.
Como Superar Esse Cenário
Especialistas apontam caminhos para reverter os efeitos negativos:
1. Revisão das políticas de vistos com foco em equilíbrio entre segurança e acessibilidade;
2. Campanhas diplomáticas de reconstrução de imagem internacional;
3. Facilitação de entrada para turistas de países historicamente parceiros;
4. Diálogo com lideranças da indústria de turismo para ações conjuntas.
Conclusão
O turismo é uma vitrine. Quando os Estados Unidos adotam políticas que inibem o fluxo de visitantes internacionais, perdem mais do que receitas — perdem influência, diversidade e oportunidades de conexão com o mundo. O desafio para os próximos anos será harmonizar a preocupação com a segurança às exigências de um planeta cada vez mais interconectado.
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