A Febre do Skincare na Geração Alfa: Tendência Global e Pressão Social Infantil
- Guilherme Pereira Tavares

- 23 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de set.

Introdução
O skincare na Geração Alfa tornou-se um fenômeno global. Crianças e pré-adolescentes, nascidos a partir de 2010, estão cada vez mais engajados em rotinas de cuidados com a pele que antes eram exclusivas de adultos. Nas redes sociais, especialmente no TikTok e Instagram, esse movimento tem gerado discussões intensas: estaria a indústria de beleza moldando comportamentos precoces ou estamos diante de uma nova consciência de saúde e estética?
Essa questão é mais complexa do que aparenta. Por trás dos frascos coloridos e embalagens instagramáveis, há camadas de marketing, identidade digital e mudanças geracionais que merecem uma análise crítica.
A Geração Alfa e sua relação com o consumo digital
A Geração Alfa é a primeira a nascer totalmente conectada. Desde cedo, esses jovens interagem com telas, influenciadores e algoritmos que moldam suas preferências.
Segundo McCrindle (2023), demógrafo australiano que cunhou o termo, a Geração Alfa tende a ser mais globalizada e visual do que qualquer geração anterior. Não é coincidência que vídeos curtos de rotinas de skincare viralizem: são conteúdos visuais, aspiracionais e fáceis de replicar.
> “Para a Geração Alfa, o consumo de produtos não é apenas sobre funcionalidade, mas sobre identidade e pertencimento digital” (SILVA, 2024, p. 67).
Skincare na Geração Alfa: de autocuidado a status social
O skincare deixou de ser apenas uma prática de autocuidado. Hoje, para muitos jovens, representa um marcador de status social. Marcas de luxo perceberam essa oportunidade e passaram a investir em linhas “teen friendly”, com embalagens coloridas e preços acessíveis.
Entretanto, dermatologistas alertam para os riscos: produtos com ácidos ou compostos potentes podem causar danos à pele infantil. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (2024) recomenda que, para crianças e pré-adolescentes, a rotina seja limitada a limpeza suave, hidratação e proteção solar.
O papel das redes sociais
Plataformas como TikTok impulsionam a chamada “Sephora Kids” — meninas e meninos de 8 a 12 anos lotando lojas de cosméticos em busca dos produtos vistos nos vídeos virais.
Um estudo do Pew Research Center (2024) mostrou que 43% dos pais de crianças de 9 a 12 anos relataram que seus filhos pedem produtos de skincare após verem influenciadores digitais.
Isso levanta debates sobre publicidade direcionada para menores de idade, um terreno delicado em termos de ética e regulamentação.
Análise crítica: saúde ou consumo precoce?
O movimento pode ser visto sob duas óticas:
1. Consciência de autocuidado: alguns especialistas defendem que aprender sobre proteção solar desde cedo é positivo e pode prevenir doenças de pele no futuro.
2. Pressão estética precoce: por outro lado, há riscos de estimular padrões de beleza inatingíveis, gerando ansiedade, insatisfação corporal e consumismo infantil.
Segundo a psicóloga americana Jean Twenge (2024), o contato precoce com rotinas de beleza pode influenciar na construção da autoestima e da percepção de valor pessoal, o que exige atenção dos pais.
Aspectos econômicos e de mercado
O mercado global de skincare movimentou US$ 163 bilhões em 2022 (Statista, 2023) e deve ultrapassar US$ 200 bilhões até 2026. O público jovem, embora não tenha poder aquisitivo próprio, influencia diretamente nas decisões de compra das famílias.
Marcas como CeraVe, The Ordinary e Glow Recipe já adaptaram suas campanhas para captar esse público. Paralelamente, cresce a indústria de infoprodutos digitais, como cursos de skincare e e-books sobre rotinas de beleza, muitos deles vendidos em plataformas como ClickBank.
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Conclusão
O skincare na Geração Alfa é mais do que uma moda passageira. É reflexo de um mundo hiperconectado, onde consumo, identidade e saúde se misturam. Cabe a pais, educadores e profissionais da saúde mediar esse processo, para que o autocuidado não se transforme em pressão estética precoce.
> “A educação sobre saúde da pele deve vir antes do consumo desenfreado de produtos” (CAMPOS, 2024, p. 112).
No fim das contas, o debate não é apenas sobre cremes e loções, mas sobre como estamos moldando os valores de uma geração inteira.
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Referências
CAMPOS, A. Dermatologia e infância: novos desafios. São Paulo: Manole, 2024.
MCCRINDLE, M. The Alpha Generation. Sydney: McCrindle Research, 2023.
PEW RESEARCH CENTER. Children, influencers and consumer behavior. Washington, 2024.
SILVA, R. Juventude digital e identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2024.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Nota técnica sobre skincare infantil. Brasília, 2024.
STATISTA. Global skincare market revenue. Hamburg, 2023.


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