🇺🇸 EUA vs 🇧🇷 Brasil: A Lei do Mais Forte e o Sistema Multilateral de Comércio
- Antonio Carlos Faustino

- 12 de jul.
- 4 min de leitura

Introdução
O comércio internacional vive um novo momento de tensão. Com o presidente Donald Trump de volta à Casa Branca em 2025, os Estados Unidos impuseram tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, alegando razões políticas e geoestratégicas.
A resposta do Brasil foi rápida: ameaça de retaliação, apelo ao sistema multilateral da OMC e reforço de alianças internacionais.
O caso reacende o debate sobre a eficácia das regras internacionais de comércio, frente à crescente imposição da lei do mais forte. Vamos entender esse embate — e suas consequências para o mundo.
1. O novo tarifário de Trump contra o Brasil
Em julho de 2025, o presidente Donald Trump anunciou publicamente a aplicação de tarifas de 50% sobre uma lista de produtos brasileiros, incluindo aço, alumínio e alimentos processados.
A medida, justificada por alegado “comportamento hostil” do Brasil ao se alinhar aos BRICS e ao julgar ex-parceiros políticos de Trump, gerou repercussão mundial.
Segundo o FMI, essa decisão aumentou a incerteza no comércio internacional, afetando fluxos comerciais globais e gerando instabilidade em mercados emergentes (REUTERS, 2025).
📎 Fonte: Reuters - IMF sobre tarifas
2. Brasil responde com diplomacia e firmeza
A resposta do governo Lula veio por meio de dois canais:
Reciprocidade comercial: o Brasil aprovou a Lei de Retaliação Proporcional, autorizando tarifas semelhantes.
Ação na OMC: o Brasil iniciou consultas formais junto à Organização Mundial do Comércio, argumentando que as tarifas violam princípios fundamentais do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT).
📎 Fonte: gov.br - nota conjunta MRE e MDIC
3. A lógica da força substitui as regras?
A atitude de Trump não é isolada. Desde seu primeiro mandato, o presidente americano tem demonstrado desprezo por instituições multilaterais como a OMC.
Ao impor sanções sem diálogo, Trump reforça uma visão de mundo onde o poder militar e econômico se sobrepõe ao direito internacional.
Especialistas alertam que o precedente pode enfraquecer ainda mais o sistema multilateral, já fragilizado desde que os EUA bloquearam o funcionamento do Órgão de Apelação da OMC em 2019.
📎 Fonte: CSIS - análise da política de Trump
4. O papel do Brasil na OMC
O Brasil é reconhecido como um protagonista do sistema multilateral de comércio.
Casos históricos, como o da disputa do algodão (DS267), mostram que o país não apenas defende seus interesses, mas contribui para a construção de jurisprudência comercial.
O uso do sistema de disputas da OMC é estratégico: fortalece a posição brasileira sem escalar conflitos diplomáticos de forma direta.
📎 Fonte: UFPB - análise da atuação brasileira
5. Impactos econômicos do confronto
A) No comércio bilateral
O comércio Brasil-EUA superou US$ 80 bilhões em 2024.
Exportações brasileiras para os EUA incluem aço, minério de ferro, soja e carne.
A imposição das tarifas afeta sobretudo o agronegócio e a indústria metalúrgica brasileira.
B) Na imagem internacional do Brasil
Embora o Brasil reaja de forma técnica, a escalada política compromete negociações em andamento com países europeus e asiáticos.
Investidores observam com cautela os desdobramentos, principalmente em relação à estabilidade do comércio internacional.
6. Os BRICS e a nova ordem comercial
O Brasil intensificou sua atuação junto aos BRICS, buscando:
Novos acordos com a China, Índia e Rússia.
Redução da dependência do dólar nos fluxos comerciais.
Fortalecimento de um sistema financeiro alternativo (como o NDB, “banco dos BRICS”).
O atrito com os EUA acelera a reconfiguração de alianças. O risco é criar uma fragmentação do comércio internacional, dificultando previsibilidade e estabilidade.
7. Considerações finais
O confronto entre o presidente Donald Trump e o governo brasileiro escancara um problema maior: a erosão do sistema multilateral de comércio, baseado em regras, previsibilidade e negociações.
Se os EUA ignoram a OMC e impõem medidas unilaterais, países como o Brasil ficam diante do dilema entre reagir com firmeza ou buscar saídas alternativas.
Em um mundo cada vez mais polarizado, a defesa do comércio internacional como instrumento de paz e cooperação será mais difícil — e mais necessária.
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📚 Referências:
> REUTERS. IMF says new U.S. tariffs keep trade uncertainty running high, 2025. Disponível em: https://www.reuters.com/business/imf-says-new-us-tariffs-keep-trade-uncertainty-running-high-2025-07-10/. Acesso em: 12 jul. 2025.
> GOVERNO FEDERAL. Medidas comerciais adotadas pelos EUA – Nota conjunta MRE e MDIC, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/mre. Acesso em: 12 jul. 2025.
> MENDONÇA, R.; RAMANZINI JÚNIOR, H. O Brasil no sistema de solução de controvérsias da OMC. Revista de Políticas Públicas Internacionais, UFPB, v. 5, n. 2, 2020.
> CSIS – CENTER FOR STRATEGIC & INTERNATIONAL STUDIES. Great balancing act: Lula, China and the future of US-Brazil relations, 2025.




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