Série especial - Dogmas Marianos: o papel de Maria na salvação
- Antonio Carlos Faustino

- 19 de ago
- 5 min de leitura
Atualizado: 21 de ago

Maria na salvação: dogmas que você precisa conhecer
Imagine entrar em uma igreja silenciosa, sentir o cheiro de velas acesas e ouvir, ao fundo, um grupo de vozes entoando a “Ave Maria”. São experiências como essa que nos fazem refletir sobre a presença de Maria na vida cristã. Mas, por que ela ocupa um papel de tamanho relevo na fé, inclusive para quem acompanha o Bom dia, América!? A resposta passa pelo entendimento dos dogmas marianos, convicções que definem a relação entre Maria, a salvação e a pessoa cristã.
De geração em geração, a devoção à mãe de Jesus moldou tradições, orações e até o modo como vemos a esperança. Agora, convido você a conhecer três dogmas fundamentais sobre Maria. Eles ajudam a entender melhor não só a história da Igreja, mas também a própria experiência de fé. O papel de Maria na salvação vai além de símbolos, é experiência pessoal e fé concreta.
Neste artigo, vamos abordar a Imaculada Conceição, Virgindade Perpétua e Assunção. Cada um desses dogmas traz uma mensagem sobre quem Maria é e seu lugar na vida dos cristãos.
Como nasce a devoção a Maria
Antes de falar dos dogmas, é interessante lembrar: desde o início do cristianismo, Maria foi vista de modo especial. A Bíblia traz passagens importantes que mostram seu sim corajoso ao chamado divino. No Evangelho de Lucas, ao escutar o anjo, ela responde:
"Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra." (Lc 1,38)
Ao dizer isso, aceita o projeto de Deus, tornando-se mãe do Salvador. É nessa disposição que muitos reconhecem sua importância na história da salvação. O blog Bom dia, América! aprofunda esse tipo de análise por valorizar o impacto dessas tradições no cotidiano dos fiéis.
Primeiro dogma: imaculada conceição
O dogma da Imaculada Conceição afirma que Maria, desde o primeiro instante de sua existência, foi preservada do pecado original. Esse ensinamento foi proclamado oficialmente pelo Papa Pio IX, em 1854, na bula Ineffabilis Deus
“A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, foi, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo [...] preservada imune de toda mancha da culpa original.” (PIUS IX, 1854)
Mas por que este dogma?
Em parte, ele reforça que a mãe do Redentor foi preparada de modo único para sua missão. Ainda que as Escrituras não usem as palavras “imaculada conceição”, há passagens que inspiram essa fé. No Evangelho de Lucas, o anjo chama Maria de “cheia de graça” (Lc 1,28), expressão que, para muitos teólogos, sinaliza sua pureza inigualável.
Prática devocional relacionada
O dia 8 de dezembro, dedicado à Imaculada Conceição, movimenta igrejas no continente americano. Orações como a “Novena da Imaculada” são comuns, reunindo famílias e comunidades.
A Imaculada Conceição toca o tema do pecado e da graça. Para os fiéis, inspira esperança: se Maria pôde ser preservada do pecado, Deus também estende sua misericórdia a todos, oferecendo caminhos para uma vida renovada (CAT, 492).

Segundo dogma: virgindade perpétua
Muitos já ouviram dizer que Maria é “virgem antes, durante e depois do parto”. Esse é o dogma da Virgindade Perpétua, reforçado pelos Concílios de Latrão (649) e Calcedônia (451). A doutrina afirma que Maria permaneceu virgem em todo o seu ser, mesmo após o nascimento de Jesus. Um trecho do Concílio de Latrão destaca
“Maria concebeu, sem sêmen, do Espírito Santo, e sem perder a virgindade, deu à luz ao Salvador.” (CONCÍLIO DE LATRÃO, 649)
O tema suscita discussões, especialmente porque a Bíblia menciona “irmãos de Jesus” (Mc 6,3). No entanto, no contexto cultural e linguístico da época, a palavra poderia referir-se também a parentes próximos, como primos.
Bases bíblicas: O relato da anunciação (Lc 1,34) mostra Maria perguntando ao anjo: “Como se fará isso, pois não conheço homem?”. Isso reforça a ideia de virgindade consciente e escolhida por ela.
Práticas devocionais: Orações como o “Angelus” e o “Terço Mariano” frequentemente recordam o mistério da virgindade de Maria. Muitas famílias no continente americano mantêm o costume de rezar juntos, pedindo a intercessão dela para pureza de intenções e fidelidade a Deus
Virgindade perpétua fala de entrega total: é liberdade que escolhe servir.
Esse dogma inspira, para muitos, um jeito diferente de ver o corpo, a vida e nossa abertura ao sagrado. Faz pensar sobre autonomia, escolha e sentido do próprio sim a Deus.
Terceiro dogma: Assunção de Maria
Por fim, a Assunção de Maria: a crença de que ela foi elevada ao céu, em corpo e alma, ao final de sua vida terrena. Esse dogma foi proclamado pelo Papa Pio XII em 1950, na constituição apostólica Munificentissimus Deus. Segundo a declaração oficial:
“A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celeste.” (PIUS XII, 1950)
A Assunção não está descrita de forma explícita na Bíblia, mas encontra eco em tradições antigas do cristianismo e textos apócrifos. O livro do Apocalipse traz uma imagem que muitos veem como simbólica:
“Apareceu no céu um grande sinal, uma mulher vestida de sol, com a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça.” (Ap 12,1)
Essa representação ajudou a consolidar a crença na elevação de Maria ao céu, uma ideia celebrada com festas, procissões e cânticos, especialmente no dia 15 de agosto.
Prática devocional: Missas, procissões luminosas e danças tradicionais marcam a festa da Assunção em vários países das Américas. Muitas famílias renovam promessas e rezam o rosário nesse dia.
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Para os fiéis, a Assunção indica a meta última: estar juntos ao lado de Deus, em plenitude. Para Maria, esta é consequência de sua união total ao projeto de Jesus. Para quem reflete no Bom dia, América!, a Assunção recorda que caminhada cristã é feita de esperança e promessa de vida plena.
Os dogmas na vida do cristão
Na prática, o que esses dogmas mudam na vida de quem crê? Talvez seja mais simples do que parece. Eles recordam:
A pureza pode existir mesmo no meio da dificuldade. Maria é exemplo de quem vive no mundo sem perder a graça.
O corpo e a alma têm valor.
O cuidado com ambos faz parte do chamado à santidade. A esperança de vida com Deus já começa no agora, conectando cotidiano e transcendência.
A devoção a Maria também humaniza a fé. Seja numa pequena oração silenciosa ou em uma grande procissão, o apelo materno de Maria se faz presente em diferentes realidades do continente americano, como o Bom dia, América! busca mostrar em suas análises e relatos
Considerações finais
A história da salvação é também história de respostas corajosas.
Maria escolheu confiar. Seus dogmas não são verdades frias, mas convites a uma vida mais aberta ao Mistério, ao outro e à esperança. Cada tradição, cada oração, reaviva esse chamado silencioso: servir, confiar, acolher.
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Referências
SAGRADA BÍBLIA. Tradução da CNBB. São Paulo: Edições Loyola, 2002.</li><li>PIUS IX. Ineffabilis Deus. 1854. Disponível em: <a href=\"https://www.vatican.va/content/pius-ix/it/apost_constitutions/documents/hf_p-ix_apc_18541208_ineffabilis-deus.html\" https://www.vatican.va/content/pius-ix/it/apost_constitutions/documents/hf_p-ix_apc_18541208_ineffabilis-deus.html</a>. Acesso em: 20 jun. 2024.
PIUS XII. Munificentissimus Deus. 1950. Disponível em: "https://www.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html\" https://www.vatican.va/content/pius-xii/pt/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus.html</a>. Acesso em: 20 jun. 2024.
CAT. Catecismo da Igreja Católica. Edição típica vaticana, 1997.
CONCÍLIO DE LATRÃO. DS 503. 649",




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