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O BRICS e a Nova Moeda Alternativa ao Dólar: Um Desafio à Hegemonia Monetária?

Atualizado: 5 de ago.


 Ilustração com logotipo do BRICS e uma pilha de dólares em oposição.
 Ilustração com logotipo do BRICS e uma pilha de dólares em oposição.

A cada cúpula do BRICS, cresce o rumor: será que os países-membros finalmente lançarão uma nova moeda alternativa ao dólar? Em tempos de transição geopolítica, essa possibilidade desperta tanto entusiasmo quanto ceticismo entre analistas, investidores e governos ao redor do globo.


Composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e recentemente expandido para incluir países como Irã, Argentina, Egito e Emirados Árabes — o BRICS tem ganhado relevância geoeconômica. A proposta de uma moeda própria, que poderia funcionar como alternativa ao dólar nas transações internacionais, é parte de uma estratégia ambiciosa de redefinir o sistema financeiro global.

O Problema da Dolarização e a Motivação por Trás da Nova Moeda


O dólar americano é, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a principal moeda de reserva internacional. Segundo o FMI, mais de 58% das reservas cambiais globais são denominadas em dólar (FMI, 2023).


Entretanto, essa hegemonia tem consequências:


Vulnerabilidade cambial em países emergentes;


Sanções econômicas como ferramenta geopolítica por parte dos EUA;


Desvantagem comercial nos mercados globais.



Dessa forma, a criação de uma nova moeda alternativa ao dólar surge como tentativa de maior soberania financeira e comercial entre os países do Sul Global.


O Projeto da Moeda do BRICS: Realidade ou Utopia?


Em fóruns recentes, como a cúpula do BRICS de 2023 em Joanesburgo, líderes como Vladimir Putin e Lula da Silva sugeriram a criação de uma moeda comum para o bloco — apelidada informalmente de "R5" (referência às iniciais das moedas nacionais: real, rublo, rupia, renminbi e rand).


Mas quais seriam os desafios?


Heterogeneidade econômica dos países-membros;


Sistemas políticos divergentes;


Falta de integração cambial;


Desconfiança mútua e receios sobre liderança hegemônica da China.


Ainda assim, a movimentação é real e crescente. A criação de uma plataforma de pagamentos alternativa ao SWIFT e aumento das trocas comerciais bilaterais em moedas locais já são realidade entre membros do BRICS, como Índia e Rússia (WEF, 2024).


Impacto nas Américas: O Brasil entre a Oportunidade e o Risco


O Brasil, como membro fundador, tem papel central. A possível nova moeda poderia:


Reduzir a dependência do dólar em transações internacionais;


Aumentar o poder de barganha comercial com China e Rússia;


Atrair investimentos alternativos, longe do eixo Wall Street–Londres.



Contudo, há riscos:


Volatilidade inicial da nova moeda;


Retaliações econômicas indiretas por parte dos EUA;


Dificuldades técnicas de implementação, como conversibilidade e confiança internacional.


Efeitos Globais: Um Sistema Financeiro Multipolar?


A criação de uma moeda BRICS fortaleceria uma ordem monetária multipolar. Isso representaria:


Desdolarização gradual do comércio internacional;


Fortalecimento do Sul Global;


Pressão sobre o FMI e Banco Mundial para se reinventarem.



No entanto, analistas alertam que qualquer transição será longa, instável e profundamente política (STIGLITZ, 2023).


O que Dizem os Especialistas?


> “Uma moeda BRICS não substituirá o dólar da noite para o dia, mas pode criar um sistema alternativo robusto.”

— Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia (2023)




> “O desafio é transformar intenção em prática. Sem união fiscal, não há moeda comum sustentável.”

— Carmen Reinhart, Harvard University (2024)


Recursos Visuais:


Vídeo curto explicativo: "O que é o BRICS?" – Canal Le Monde Diplomatique Brasil. YouTube


Infográfico: Comparativo entre PIBs dos BRICS e G7.

Comparativo entre PIBs dos BRICS e G7.
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Conclusão: Caminho Sem Volta?


A proposta de uma nova moeda alternativa ao dólar pelo BRICS pode parecer ousada — e é. Mas representa uma inquietação legítima com a ordem financeira internacional vigente. Mesmo que a moeda única não se concretize tão cedo, os movimentos de desdolarização já estão em curso e tendem a intensificar.


O que está em jogo é mais do que economia: é poder, soberania e a redefinição das regras do jogo global.


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📚 Referências


FMI – Fundo Monetário Internacional. Currency Composition of Official Foreign Exchange Reserves (COFER). Washington, DC: IMF, 2023. Disponível em: https://data.imf.org. Acesso em: 04 ago. 2025.


STIGLITZ, Joseph. The end of neoliberalism and the rebirth of history. Foreign Affairs, New York, v. 102, n. 1, jan./fev. 2023. Disponível em: https://www.foreignaffairs.com/articles/united-states/2023-01-10/end-neoliberalism. Acesso em: 04 ago. 2025.


REINHART, Carmen. Global Economic Prospects and the Role of Multilateralism. Harvard Kennedy School, 2024. Disponível em: https://www.hks.harvard.edu. Acesso em: 04 ago. 2025.


WEF – World Economic Forum. How BRICS countries are reshaping the global economic order. Cologny: WEF, 2024. Disponível em: https://www.weforum.org/agenda/2024/02/brics-countries-trade-currency/. Acesso em: 04 ago. 2025.


LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL. O que é o BRICS? [YouTube]. 2024. Disponível em: https://www.lemonde.fr/comprendre-en-3-minutes/video/2024/10/26/que-sont-les-brics-comprendre-en-trois-minutes_6360130_6176282.html. Acesso em: 04 ago. 2025.


📘 Referências Complementares Acadêmicas e Técnicas


ARRIGHI, Giovanni. O longo século XX: dinheiro, poder e as origens de nosso tempo. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.


> Clássico da economia política que explora a ascensão e queda de hegemonias financeiras globais, incluindo a centralidade do dólar.


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