Pesquisa: Saúde mental no Brasil preocupa mais da metade da população
- Antonio Carlos Faustino

- 11 de out.
- 6 min de leitura

🧠 Visão geral
Mais de 54 % da população brasileira considera a saúde mental como principal problema de saúde no país — um dado que, por si só, já alarma.
Por quê isso importa? Porque não vivemos apenas em “corpos”; vivemos em mentes conectadas, em tensões sociais, em expectativas que comprimem. E quando mais da metade das pessoas dizem sentir medo pela sua saúde psicológica, há algo estrutural por baixo.
Neste especial para Bom Dia América, você vai encontrar:
dados inéditos e recentes
comparações hemisféricas
reflexões profundas sobre vulnerabilidade, desigualdade e tecnologia
caminhos estratégicos (para empresas, governos e cidadãos)
sugestões concretas (produtos, infoprodutos) para quem quer agir
E, no final, um convite para fortalecer este blog como plataforma de impacto.
📊 Contexto global e regional
Cenário global
Segundo a OMS, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com algum transtorno mental — como depressão ou ansiedade.
A cada suicídio, calcula-se cerca de 721 mil vidas perdidas em 2021 — tragédias que muitas vezes seriam evitáveis com intervenções precoces.
Nos países das Américas, emergem desigualdades gritantes: o acesso aos serviços, a estigmatização, e as redes de suporte oscilam entre extremos.
Brasil: números que pesam
Em 2025, a edição nº 13 de Saúde Mental em Dados revela que o tema segue em ascensão nas prioridades públicas.
Dados da pesquisa Covitel 2024 apontam que 56 milhões de brasileiros (≈ 26,8 % da população) convivem com algum grau de transtorno de ansiedade.
Entre janeiro e outubro de 2024, foram registrados 671.305 atendimentos ambulatoriais por ansiedade, alta de 14,3 % em relação a 2023.
Benefícios por incapacidade ligados à saúde mental no trabalho saltaram de 201 mil em 2022 para 472 mil em 2024 — aumento de 134 %.
Em 2019, 10,2 % da população brasileira acima de 18 anos relatou diagnóstico de depressão — aumento em relação aos 7,6 % de 2013.
A prevalência ao longo da vida de transtornos mentais no Brasil pode atingir 57,7 % — ou seja, mais da metade das pessoas podem desenvolver algum transtorno mental em algum momento da vida.
Esses números sugerem que não se trata de “preocupação subjetiva”, mas de uma incidência real e crescente de sofrimento psíquico.
🧩 Por que “mais da metade” está preocupada?
1. Sensibilidade que emerge do sofrimento real
Quando 54% apontam a saúde mental como a maior preocupação, isso não é birra de pesquisa — é reflexo de sintomas pervasivos: insônia, fadiga, ruminação, crises de pânico. Esse dado, medido por institutos como o Ipsos, saltou de 18% em 2018 para 54% em 2024.
2. Pressões sociais e desigualdades estruturais
O sofrimento mental nunca cai do céu: ele é moldado pela desigualdade, pela violência urbana, pelo desemprego, pela precária moradia, pela insegurança alimentar.
No Brasil, há uma interseção crítica entre pobreza e transtorno mental — pessoas em regiões periféricas, negras, mulheres e jovens sofrem mais e têm menos acesso a tratamento.
3. Pós-pandemia e ruptura de suporte emocional coletivo
A COVID-19 não apenas trouxe mortes, mas silenciou redes afetivas, aumentou a solidão, expandiu o consumo de telas e reduziu a sensação de pertencimento. Muitos viveram traumas acumulados. O efeito disso ainda reverbera.
4. Tecnologia e “células do tempo”
Vivemos entre notificações, sobrecarga informativa e pressão por performance constante. Nossas mentes viraram estações de microestresse. Isso gera uma demanda — consciente ou não — por segurança psicológica.
5. Falhas institucionais — o cuidado sempre atrasado
Embora tenhamos Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no SUS, há falhas graves: poucos profissionais, desigual distribuição geográfica, ausência de avaliação sistemática, dificuldade de coordenação entre níveis de atenção.
Historicamente, o Brasil é destaque por sua luta antimanicomial — mas a promessa de cuidado comunitário ainda não alcançou o padrão de equidade desejado.
🌎 Comparações nas Américas: o Brasil em perspectiva
Nos EUA, segundo dados recentes, cerca de 1 em cada 5 pessoas (≈ 20%) reporta problemas de saúde mental anualmente — proporção alta, mas ainda abaixo da “metade” brasileira.
Em países latino-americanos como Colômbia ou Peru, prevalências são menores nos levantamentos oficiais, mas há subnotificação massiva.
O Brasil se destaca por liderar índices globais de ansiedade e ocupar posição elevada em depressão.
Esse contraste evidencia uma mistura de real fragilidade psicológica com uma cultura de visibilidade (ou preocupação pública) que outros países ainda não manifestam tão explicitamente.
🧠 Depoimento
“Quando me conquistaram o diagnóstico, me senti aliviada e aterrorizada ao mesmo tempo. O alívio de dar nome ao que existia — aterrorizada porque não via saída. Nos corredores do CAPS da cidade vizinha, espero por atendimento. Entre idas e vindas, aprendi que a cura não é individual: preciso de redes.”
— “L.”, 32 anos, Bahia
Esse relato sintetiza muitos casos: espera no sistema público, deslocamento, dúvidas internas, combate à vergonha. E mesmo quando há resiliência, o desgaste é contínuo.
🧾 Impactos econômicos e institucionais
Os transtornos mentais custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade.
No Brasil, o aumento dos afastamentos por transtornos mentais pressiona os sistemas previdenciário e de seguridade.
Empresas que ignoram saúde mental sofrem rotatividade maior, mais absenteísmo e menor engajamento.
Por outro lado, investir em programas de bem-estar psicológico mostra-se estratégico: resultando em redução de custos de saúde, retenção e clima organizacional mais saudável.
🔍 Diagnóstico crítico: onde estamos falhando?
Dimensão - Desafio central - Observação crítica
Prevenção - ausência de educação emocional universal - Muitos jovens nunca aprenderam a nomear o que sentem
Acesso - concentração de serviços em centros urbanos - Pensar saúde mental como privilégio urbano
Capacitação - poucos profissionais treinados para lidar com trauma, atenção primária - Especialistas não chegam aos territórios
Integração - fragmentação entre atenção primária e especializada - A pessoa “sai do mapa” quando o caso é complexo
Cultura social - estigma, culpa e silenciamento - Falar sobre sofrimento ainda é tabu nos muitos “Brasis”
Tecnologia - dependência de apps superficiais - Soluções digitais são úteis, mas não substituem o humano
Esses nós estruturais precisam ser desatados com convergência de políticas, ciência, economia e cidadania.
💡 Caminhos emergentes e ideias disruptivas
1. “Saúde mental comunitária híbrida”
Criar núcleos locais (em bairros, escolas, igrejas) com “educadores emocionais” — pessoas treinadas em escuta, mediação, encaminhamento. Com suporte remoto (telepsicologia), isso amplia o alcance.
2. Agenda privada + pública sincronizada
Empresas com alto investimento podem — e devem — estimular os ambientes de saúde mental: coach emocional, supervisão psicológica e políticas de “dias de saúde mental”. E isso não é custo, mas investimento.
3. Cultura de prevenção nas escolas
Inserir currículo de educação emocional desde o ensino fundamental: literacia emocional, regulação afetiva, práticas de mindfulness.
4. Monitoramento e avaliação integrados
Criar sistemas de dados que cruzem atendimentos públicos e privados, com métricas de adesão, desfecho e equidade regional.
5. Narrativas potentes e desestigmatizantes
Campanhas com linguagem humana, representações diversas, figuras inspiradoras que falem de vulnerabilidade — isso muda imaginar e quer ser visível.
📚 Produtos recomendados (Amazon) e infoprodutos relevantes
Aqui vão até 3 sugestões de livros/recursos que dialogam com saúde mental . Contêm links de afiliado:
1. [Mindfulness – Atenção Plena no Movimento]() — guia prático para incorporar atenção plena ao cotidiano.
2. [Neurociência e Mindfulness]() — para quem quer entender os mecanismos cerebrais por trás da prática.
3. [Tempo Pra Mim]() — reflexões voltadas ao autocuidado e equilíbrio emocional.
Além disso, dois exemplos de infoprodutos que podem ser interessantes (especialistas, coachs) — e têm credibilidade:
Curso online “Inteligência Emocional Aplicada” (workshop com práticas e suporte).
Programa de mentoria “Resiliência Moderna” (focado em técnicas psicológicas adaptadas ao ambiente digital).
✅ Considerações finais
Este tema não é apenas emocional — é político, econômico e estrutural. Ele exige compromisso dos setores público, privado e da sociedade civil.
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📚 Referências
AGÊNCIA BRASIL. Mais de 1 bilhão de pessoas vivem com transtornos mentais, diz OMS. Agência Brasil, Brasília, 18 set. 2025. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2025-09/mais-de-1-bilhao-de-pessoas-vivem-com-transtornos-mentais-diz-oms. Acesso em: 11 out. 2025.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde Mental em Dados – Edição nº 13, fevereiro de 2025. Brasília: Ministério da Saúde, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-mental/saude-mental-em-dados-edicao-no-13-fevereiro-de-2025. Acesso em: 11 out. 2025.
BRASIL. ONU BRASIL. Afastamentos por problemas de saúde mental aumentam 134% no país. Brasília: Nações Unidas no Brasil, 10 jun. 2024. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/292926-brasil-afastamentos-por-problemas-de-sa%C3%BAde-mental-aumentam-134. Acesso em: 11 out. 2025.
BMC PSYCHIATRY. Depression in Brazilian adults: prevalence trends and associated factors (2013–2019). BMC Psychiatry, Londres, v. 23, n. 5133, 2023. Disponível em: https://bmcpsychiatry.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12888-023-05133-9. Acesso em: 11 out. 2025.
GOV.BR. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde Mental: informações e serviços. Brasília: Governo Federal, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-mental. Acesso em: 11 out. 2025.
IPSOS. World Mental Health Day 2024: Global attitudes towards mental health. Ipsos Global Advisor, 2024. Disponível em: https://www.ipsos.com/pt-br/world-mental-health-day-2024. Acesso em: 11 out. 2025.
SAÚDE BUSINESS. O cenário da saúde mental no Brasil. São Paulo, 3 abr. 2024. Disponível em: https://www.saudebusiness.com/artigos/o-cenario-da-saude-mental-no-brasil. Acesso em: 11 out. 2025.
SCIENCE DIRECT. Prevalence of lifetime mental disorders in Brazil. The Lancet Regional Health – Americas, v. 15, p. 100312, 2023. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2666560323000257. Acesso em: 11 out. 2025.
WIKIPÉDIA. Brazilian anti-asylum movement. 2024. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Brazilian_anti-asylum_movement. Acesso em: 11 out. 2025.
PMC (PubMed Central). Mental health in Latin America: challenges and perspectives. National Library of Medicine, 2023. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC7111415. Acesso em: 11 out. 2025.


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